Postagem original:
As imagens de satélite que compõem o famoso Google Earth são protegidas por direitos de propriedade. Embora produzidas pela NASA, a agência espacial americana, elas foram vendidas à Google, que se reserva a prerrogativa de impedir a sua reprodução.
Obviamente, ninguém dá bola para isso. Mas uma coisa é um blogueiro aqui, outro ali, surrupiar uma imagem de vez em quando, para ilustrar uma postagem sobre suas férias inesquecíveis. Ou mesmo uma empresa jornalística usar uma dessas imagens para incrementar uma reportagem, já que é o meio mais fácil de obter uma visão geral de grandes distâncias. Coisa completamente diferente é usar as imagens e até as funcionalidades do GE para ganhar dinheiro, como está sendo feito aqui.
Usar os recursos alheios para vender loja em shopping center certamente não agradaria nada aos donos desses recursos, porque significa que os empreendedores estão executando a sua atividade econômica, a sua finalidade inerente, mediante locupletamento indevido. Isso, claro, se os empreendedores não estiverem pagando pelo serviço (no que, desculpe, eu não acredito). Se for o caso, considere esta postagem como não escrita.
Vale lembrar que as grandes empresas não vão em cima do sujeito que tem uma cópia pirata do programa em casa, como acontece como quase todo ser humano que tem Windows e, principalmente, com o Word, da Microsoft. Até poderiam, mas não vão. Contudo, grandes empresas e instituições são um alvo. Vale lembrar que, há alguns anos, a Microsoft conseguiu uma ordem judicial que parou a Administração municipal de Belém, justamente porque os softwares eram pirateados. Ou que as instituições de ensino, cujos laboratórios demandariam centenas de licenças, mantêm acordos com essas empresas, que garante preços mais realistas para o atendimento dos muitos terminais.
O fato é que se a localização for mesmo tão privilegiada quanto os empreendedores afirmam, pode ser que o pessoal da Google acabe batendo os olhos por lá. Será?
Antonio Fonseca, um dos especialistas em questões tecnológicas da nossa blogosfera, escreveu aí na caixinha de comentários. Sua manifestação, longa e detalhada, mostra que o conteúdo da postagem está equivocado. Por isso, entendendo que não devo apagar o meu erro, recomendo enfaticamente a leitura do que Antonio explicou. E me desculpo, porque pensei na regra jurídica mas me faltava, reconheço, o conhecimento do tema específico. Mea culpa.
Valeu, Antonio!
4 comentários:
Me desculpe, professor, mas não vi nada de errado no fato de o Boulevard Shopping utilizar as imagens do Google Earth para mostrar a localização do empreendimento. Nada de errado, mesmo.
Fosse eu o contratado para produzir o site, faria o mesmo. É apenas e tão-somente para mostrar a localização de forma clara e precisa, sem as enganações dos mapas ilustrados.
Cara, você implica com tudo. Assim não pode. Assim não dá.
Anônimo nervosinho, em primeiro lugar, eu não impliquei. Pessoalmente, não dou a mínima se os empreendedores do shopping usam as imagens do GE ou não. Se alguém usa essas imagens, seja lá com que intenção for. A Google já tem dinheiro de sobra. Meu comentário se limitou a lembrar uma questão jurídica, que é um fato. Se é um mau fato, a culpa é da lei, não minha.
Mas se eu quiser implicar com alguma coisa, eu posso. Para isso criei um blog. Como poderia tê-lo criado, também, para falar bem de tudo e de todos, dizer que amo todo mundo e etc. Aí você viria aqui dizer que sou um chato, falso, etc.
Por que não simplificamos as coisas? Você não acessa os sítios de conteúdo que lhe desagradam e pronto. Símples assim.
Mas eu GOSTO de ler seu blog. Não me queira mal.
Assinado, o Anônimo nervosinho
Prezado Yúdice,
O uso em questão não infringe os termos de uso do GE. Nem mesmo os interesses dos dententores dos direitos sobre a PI da imagens (adequadamente cobertos pelos contratos de licenciamento e utilização firmados entre estes e a Google).
E a Google disponibiliza para qualquer desenvolvedor acesso à maioria dos serviços e conteúdos por ela disponibilizados na Internet. Isso é possível através de APIs (Application Programming Interfaces) publicamente acessíveis e fartamente documentadas (interfaces de acesso que permitem que programas acessem recursos e informações de outros).
Em resumo, a Google não só estimula o consumo de seus serviços por aplicações desenvolvidas por terceiros (mashup applications, ou aplicações híbridas) como se beneficia enormemente com isso. O negócio da Google é reunir, classificar e permitir a consulta de toda a informação produzida no mundo, simples e ambicioso assim mesmo.
Como eles ganham dinheiro com isso? Bem é um pouco complexo para descrever em poucas linhas. Mas indico a leitura do excelente livro: Google - A história do negócio de mídia e tecnologia de maior sucesso dos nossos tempos, David A. Vise / Mark Malseed, Ed. Rocco.
As mashup applications (construídas através de um amalgama de informações e serviços dispersos na web) são em suma uma boa parte do que podemos popularmente chamamos de web 2.0. Exemplos disso não faltam: Facebook (rede de relacionamentos, que na realidade é uma plataforma para o desenovlvimento público de aplicações em cima das informações prestadas pelos usuários), Google AppEngine, etc.
Existem inclusive ferramentas abertas a qualquer um que queira se avanturar nesse universo e construir suas próprias mashups, mesmo não sendo um desenvolvedor, sem a necessidade de conhecer uma linguagem de programação.
Um exemplo espantoso desse tipo de ferramenta é o Pipes do Yahoo! (assista aos vídeos de demonstração no site).
Com ele é possível construir através de diagramas suas próprias mashups com a possibilidade de reunir a informação disponível na Internet e aplicar sobre ela uma formatação específica ou comportamento sob medida.
Para encerrar, voltando ao GE, existem versões pagas (Pro e Plus) do software que na realidade não diferem muito da versão gratúita em termos de interface porém oferecem pesquisas mais poderosas, um banco de imagens com maior resolução e precisão, capacidade de colaboração para times envolvidos em projetos, integração com GPS, etc.
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