domingo, 5 de outubro de 2008

Nonono

Com 92,03% dos votos apurados em Belém, os números disponíveis permitem que se afirme que o segundo turno será realizado entre o sujeito que ora ocupa a cadeira de prefeito e o mais famoso candidato de todos os tempos: o Nonono. Afinal, votos brancos e nulos, somados às abstenções, atingem o montante de 22% do eleitorado! É mais do que Priante. Naturalmente, isso se explica por uma altíssima rejeição ao plantel que nos foi apresentado nestas eleições. Eu não me impressiono.
Por outro lado, os eleitores de Jordy, Marinor e João Moraes somam 14,57% dos votos, mais do que Valéria Pires Franco. Ou seja, esse é o montante de belenenses que preferiram fugir das mesmices representadas pelos candidatos de costas quentes e largas. Aquele um tem a máquina municipal. O segundo lugar é do PMDB, o partido mais poderoso do país, na prática, e que no Pará tem um chefe incluído entre os políticos mais influentes do Brasil (não admira a nossa situação). O terceiro é do PT, que comanda o país e o Estado. E a quarta candidata é a representante da mais forte oposição em nível nacional, mas que por estas bandas vem declinando a olhos vistos desde a perda do governo estadual. Até respirou agora, talvez, mas esta derrota deve minguar ainda mais as forças deles.
Jordy, Marinor e Moraes eram os candidatos pobrinhos, digamos assim, carinhosamente. Candidatos latino-americanos sem dinheiro no banco, mas capazes (pelo menos os dois primeiros) de dar aos demais um importante recado: o povo pode ser besta, mas os velhos caciques não têm mais o mesmo poder de outrora. Que bom, mesmo que isso não implique, neste momento, no tão aguardado sepultamento desses caciques.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Yúdice,

Tenho uma visão muito particular quanto ao voto nulo. Sou criticada, aliás, por conta desse pensamento...

Pois bem. Penso que votar nulo/branco seja uma atitude covarde. É como se várias pessoas estivessem dentro de um barco com vários buracos, onde se exige que, de tempos em tempos, as pessoas peguem baldes para eliminar a água.

Neste caso, um dos tripulantes, sem fé nos baldes, deixa que os outros façam o trabalho sujo.

Enfim, votar nulo é deixar que os outros façam o trabalho sujo. E a lástima maior: reclamar do resultado do trabalho do qual sequer participou.

Desde o momento em que conheci os protagonistas desta eleição, fiquei arrasada. Mas, paciência, alguém tem que ser eleito.

Detesto o Duciomar. Por tudo, por conta do que vejo no meu dia-a-dia profissional.

Odeio os Barbalhos.

Infelizmente, por falta de opção e por acreditar que devo participar, ainda que sem alternativas, votarei na segunda opção. Isso porque já havia me proposto a votar em qualquer um que se opusesse ao Duciomar... E mais: se com chances de um segundo mandato não fez nada no primeiro, imagine um segundo mandato, sem chances de um terceiro?

Enfim, estou aqui acompanhando o desfecho do 1º turno. Lendo o seu Nonono, senti vontade de expor o que penso.

Abraços.

Yúdice Andrade disse...

Eu não te criticarei, Rita. Sempre fui ardoroso opositor do voto nulo. Acho que sempre devemos tomar partido, pois a omissão atenta contra a cidadania. Já pensei em votar nulo antes, mas na última hora sempre acabo escolhendo alguém. Desta vez, contudo, estou sem forças para isso. Aquele que se diz prefeito só merece uma coisa: ser escorraçado. Mas o outro é o candidato do pior partido do país, o único que detesto mais do que o PSDB e o DEM, por ser a maior expressão do fisiologismo que temos, há anos. Fortalecer um partido desses, ainda mais, trará conseqüências terríveis.
Não sei se "covardia" seria o termo mais apropriado, mas compreendi a tua metáfora. Achei até perfeita. Realmente, estamos empurrando o ônus para terceiros. O "trabalho sujo", como dizes. Contudo, depois de rever o pouco que sei sobre política, hoje encaro que toda eleição sempre tem um candidato a mais, um que não está sob tutela da Justiça Eleitoral: é a rejeição de todas as alternativas dadas ao eleitor.
Considero perfeitamente plausível que o não seja sempre uma terceira via disponível e real.
Concordo contigo, ainda, que eleger o tal de Priante é um mal terrível, só que menor do que manter o nefasto, cujos atos não podem ser legitimados. Tragédia por tragédia, melhor uma nova do que uma já sabida, justamente por conta dessa legitimação.
Seja como for, meu voto no dia 26 será mesmo no Nonono. Aliás, seria bom que ele tivesse 90% dos votos. Isso traria conseqüências.