quarta-feira, 13 de junho de 2007

Tucunduba: Prefeitura recebe recomendação do MPF

MPF recomenda à prefeitura retomada de obras na bacia do Tucunduba
1527 famílias foram retiradas de suas casas para a construção de 12 prédios em projeto de reurbanização na periferia de Belém. Apenas 1 foi construído, mas não tem água nem esgoto
12/06/2007
O Ministério Público Federal recomendou à prefeitura de Belém (PA) que, no prazo de 30 dias, adote medidas para retomada das obras do Projeto de Desenvolvimento Local Sustentável (PDLS), que previa urbanização de uma área às margens do igarapé do Tucunduba, na periferia de Belém. 1527 famílias foram retiradas de suas casas em 2003 para que fossem realizados os trabalhos de saneamento, pavimentação e construção de 12 blocos habitacionais.
Até agora, além de 74 casas em um conjunto horizontal, apenas um bloco de apartamentos foi construído. O prédio é considerado inabitável pela Caixa Econômica Federal (CEF), responsável pela liberação dos recursos e pela fiscalização, porque não foram feitos os sistemas de tratamento de esgoto e de abastecimento de água, apesar do dinheiro para essas estruturas ter sido liberado.
De acordo com a CEF, o PDLS teria mais de R$ 10 milhões, dinheiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento, para ser finalizado. Mas apenas 29,9% das obras foram realizadas, o que torna impossível a liberação do total de recursos. Pelo contrato assinado entre as duas partes, a Caixa só poderá fazer novos repasses quando a prefeitura for capaz de comprovar a construção do que já foi financiado.
Várias reuniões foram feitas na sede do MPF com representantes da prefeitura, da Caixa Econômica e dos moradores, mas não foi possível um acordo para a retomada do projeto. A recomendação para retomada das obras é a maneira extra-judicial para que a prefeitura, responsável pela situação, resolva o problema.
Apesar de não ter força de ordem, uma recomendação deve ser observada para evitar processo judicial. A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), área do MPF responsável pela tutela de direitos coletivos básicos, usa esse instrumento “para dar ciência inequívoca acerca dos fatos, advertindo quanto às medidas solicitadas, com a possibilidade de implicar, em caso de não atendimento do seu conteúdo, a adoção de providências administrativas e judiciais cabíveis, em sua máxima extensão”.
Incêndio - Enquanto as obras não andam, o Procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Alexandre Silva Soares apurou que cada família recebe da prefeitura um valor mensal nunca reajustado: R$ 200, para aluguel de moradia. Vivem improvisadamente há mais de 3 anos em casas alugadas e, como os preços dos dos aluguéis são reajustados, mas a verba repassada pela prefeitura não, todos têm que enfrentar sucessivas mudanças de endereço enquanto aguardam a conclusão do projeto.
Alguns dos atingidos pela situação foram vítimas de um trágico incêndio em dezembro de 2001, quando, pelos números oficiais, o fogo destruiu totalmente 94 domicílios e queimou parcialmente outros 115. O incêndio, às vésperas do natal, provocou comoção na capital paraense e a população se mobilizou para enviar doações aos atingidos. A situação de esquecimento dos moradores de uma das áreas mais populosas de Belém apareceu em todos os meios de comunicação e, no final do ano seguinte, a região foi então contemplada com o projeto de urbanização, na época anunciado para ser concluído no prazo de um ano. Considerado democrático e inovador, o chamado Projeto Tucunduba foi premiado como um dos melhores do Brasil no setor de urbanização em 2002.
Helena Palmquist
Procuradoria da República no Pará
Assessoria de Comunicação
Fones: (91) 3299.0148 / (91) 3222.1291 / (91) 9999.8189

O Ministério Público Federal adora a Prefeitura de Belém. Desta feita, admoesta mais uma vez, antes de se tornar necessária uma medida judicial. Mais uma.
Vale lembrar que a macrodrenagem da Bacia do Tucunduba foi uma das mais importantes intervenções do governo Edmilson Rodrigues. Antes dele, ninguém tinha voltado os olhos para aquela região. Embora muito menor que a Bacia do Una, a do Tucunduba é enorme e atravessa muitos bairros de Belém. Logo, a urbanização da área é do maior interesse de toda a cidade.
Em 1996, eu fazia Educação Física no Campus III da UFPA e via o horror que era o entorno da universidade. Em 2002, fui deixar uma prima no mesmo Campus III, para se inscrever no vestibular, e levei um susto: o mato tinha sumido, dando espaço a duas vias marginais largas e muito bem asfaltadas. Pontes largas, de concreto, uniam as duas ruas. Prossegui até o final do trecho asfaltado, chegando a locais onde nunca pensara em estar. Mesmo sem conhecer o bairro antes, pude avaliar os benefícios obtidos pela população. Um deles: mercadorias chegando em barcos, que paravam bem em frente aos pequenos comércios. Ou seja, o abastecimento ficara mais fácil, permitindo melhor acesso do público aos produtos e, com certeza, crescimento dos negócios.
Além disso, o acesso de viaturas policiais, ambulâncias, caminhões de distribuição de gás, etc., tornou-se possível. Sem dúvida, isso é ganhar qualidade de vida.
Lamentavelmente, Edmilson não concluiu a obra. E a partir de 2005, com o empregado dos tucanos assumindo a prefeitura, não houve mais interesse em fazer obras para um setor da sociedade que não existe para os partidos que venceram a eleição. Espero que, com a pressão do MPF, se nada acontecer, crie-se ao menos um constrangimento cujo efeito prático seja obrigar todos os candidatos de 2008 a incluir, em suas propostas, a retomada do projeto de urbanização da Bacia do Tucunduba.

3 comentários:

Anônimo disse...

Este projeto está parado, assim como a João Paulo II, devido a executora da obra ser a ESTACON, empresa que o Dudu execra por não ter dado apoio necessário a ele nas eleições municipais.
No argumento ele falou que a ESTACON quer receber pela João Paulo II sem executar nada, é pura mentira, pois as obras estão paradas, por falta de definição da SESAN, captaneada por um incompetente de mão de cheia, que não resolve a situação dos acessos à Av. Almirante Barroso, como Rua do DNIT, a passagem pelo Parque de exposições, a drenagem das águas pluviais e sem falar na frouxura de não conseguir abrir a Rua do Basa.

Anônimo disse...

Yúdice, são dois projetos distintos e ao mesmo tempo interdependentes:
- A Urbanização e Dragagem do Tucunduba;
- A Urbanização e Construção e Melhoramento das moradias do Riacho Doce e Pantanal.
O Tucunduba, no limite dos recursos contratados pela prefeitura de Belém, foi concluido, pelo Edmilson, na sua primeira etapa: até a São Domingos. Sua continuidade, até a Vileta, foi garantida pelo Lula, na inaguração da 1ª Etapa e, que parece, não foi encaminhada pelo Dudú.
O Riacho Doce/Pantanal, foi deixado em curso e com verbas, pelo Ed., mas o Duciomar entrou na Prefeitura demitindo todos os técnicos envolvidos no Projeto, o que causou uma solução de continuidade, que apesar da tentativa de recontratação desses técnicos, após alguns meses, até hoje não se ajustou. Falta vontade política, uma pena.

Yúdice Andrade disse...

Ana Paula, agradeço a contribuição. Desconheço a situação relacionada à empresa que você mencionou. Só sei que dia desses fui até o final do trecho asfaltado da avenida, que já chega aos fundos do Conjunto do BASA. Se o conjunto tivesse sido aberto, teríamos uma excelente via de acesso, pois quem viesse da Av. Tavares Bastos poderia cruzar o conjunto de chegar à João Paulo II.
Como leigo, não me parece que falta muito para que as transversais sejam abertas, pelo menos algumas. Enfim, é mais uma obra que, em Belém, acaba interminável.
Anônimo, agradeço também pelas informações, só lamentando que você não esclareça de onde elas vêem, já que você parece ter conhecimento de causa. Agradeço principalmente por indicar que existem dois projetos distintos, o primeiro dos quais teria sido concluído por Edmilson. Se bem que, de acordo com declarações do próprio, na época, não estava concluído, por questões financeiras. Ainda assim, suas informações são valiosas.