Ivanildo Fonseca Costa, o "Nero", já reconhecido por uma testemunha, foi preso pela polícia e declarou que a ordem de incendiar dois ônibus em Belém, nas noites de 5 e 6 de junho, partiu de três criminosos que se encontram cumprindo pena no Presídio Estadual Metropolitano III, via celular. Forneceu alguns detalhes e, por meio de investigações que envolvem até rastreamento de ligações telefônicas, chegou-se aos nomes de outros prováveis delinquentes. Por enquanto, o delegado Gilvandro Furtado descarta a possibilidade de que presidiários sejam os autores intelectuais dos atentados, preferindo apostar em delinquentes livres, indignados com a atuação das polícias.
Tenha a iniciativa partido de dentro ou de fora de uma penitenciária, a conclusão é a mesma: estamos em perigo.
Dependendo do local, a criminalidade assume características peculiares. Rio de Janeiro e São Paulo, p. ex., padecem com o crime organizado, com enorme atuação de narcotraficantes. Vitória já sofreu com a ação de um grupo de extermínio infiltrado na polícia, a famigerada Escuderia Le Cocq. O Pará se destaca, desgraçadamente, nos delitos fundiários, violência agrária, trabalho escravo e exploração de prostituição infantil.
Belém, pelo menos até recentemente, não tinha o crime organizado no alto de seus índices criminais. Nossas estatísticas estavam mais associadas a delitos violentos sem motivação específica, ou seja, a dobradinha violência-agressão que, somada ao posse de armas, evoluía facilmente para tantas tragédias que tivemos. Nos últimos anos, dispararam os delitos patrimoniais, mas eles não são ações organizadas. A maioria, por sinal, constitui iniciativas individuais.
Agora, esses atentados marcam um novo tempo em nossa história criminal. Um terrível tempo. Entendo que minha hipótese de criminosos copiadores está confirmada, sejam eles presidiários ou não. E o que é pior: quanto mais atenção der a mídia, tantos mais copiadores podem surgir, sejam os que realmente pretendem provocar a polícia e intimidar a população, sejam os idiotas que pretenderão apenas fazer graça, divertir-se aterrorizando a população. Sempre aparece gente assim. Pelo menos, esses são presos com mais facilidade.
Louvo a atuação rápida da polícia. Espero que seja bem sucedida, na identificação dos meliantes, para que possam ser exemplarmente punidos. Essencial, mesmo, é que as autoridades se mantenham vigilantes, ostensivamente. É hora de mostrar que não permitiremos que nossa cidade vire um novo Rio de Janeiro. Se não o fizermos agora, virará mesmo.
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