segunda-feira, 11 de junho de 2007

E com vocês, Cigarro

E já que falamos nela, eis a letra da canção Cigarro, que motivou a postagem anterior e que revela o imenso talento do Baleiro com a poesia:

A solidão é meu cigarro
Não sei de nada e não sou de ninguém
Eu entro no meu carro e corro
Corro demais só pra te ver meu bem
Um vinho, um travo amargo e morro
Eu sigo só porque é o que me convém
Minha canção é meu socorro
Se o mar virar sertão, o que é que tem?
Dias vão, dias vem, uns em vão, outros nem...
Quem saberá a cura do meu coração senão eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
O amor é pedra no abismo
A meio passo entre o mal e o bem
Com meus botões à noite cismo
Pra que os trilhos, se não passa o trem?
Os mortos sabem mais que os vivos
Sabem o gosto que a morte tem
Pra rir tem todos os motivos
Os seus segredos vão contar a quem?
Dias vão, dias vem, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração senão eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu.

Sempre me intrigou o verso inicial: "A solidão é meu cigarro". Em minha livre interpretação, entendo que o poeta relaciona solidão a cigarro porque seria uma coisa altamente destrutiva, que ele procura voluntariamente. Talvez ele procure a solidão porque se sente deslocado do mundo, já que não encontra respostas para as suas angústias. Todavia, como o Baleiro é fumante, é possível que ele não tenha pensado numa metáfora com esses ares negativistas.
Enfim, apesar de sempre ter adorado interpretação de texto, após mais de uma década sem fazer isso, estou por demais enferrujado. Se alguém quiser interpretar o texto comigo, apreciarei.
E, convenhamos, eis uma verdade indiscutível: Quem saberá a cura do meu coração, senão eu?

5 comentários:

Aldrin Leal disse...

Cigarros são os amigos que nâo deveríamos ter. Eles nos dão motivação (mesmo que a um custo caro), mas são capazes de tirar a nossa respiração.

Muitos fumantes (eu, inclusive), costumam apelidar um maço de cigarros como uma "caixa de amiguinhos". Mas nossos momentos mais memoráveis de criatividade também podem ser vistos como momentos de solidão.

Yúdice Andrade disse...

Aldrin, aprecio a tua paciência com as minhas críticas, ferozes e freqüentes, ao cigarro. Obrigado por me dar motivos para pensar que minha interpretação faz sentido.

Eduardo André Risuenho Lauande disse...

Grande Yúdice, gostei da tua filosofia e sei o quanto é complicado deixar o cigarro.

Aldrin Leal disse...

Eu sei que não é correto fumar - e ouço muitas críticas -, mas como permites que a discussão seja feita sem partir pro lado pessoal, sinto-me a vontade pra falar em conhecimento de causa.

Continue o bom trabalho!

Yúdice Andrade disse...

Lauande, meu caro, qual é a minha filosofia? Pensei que fossem apenas queixumes.
Agradeço o apoio, Aldrin. O objetivo do blog não é agredir ninguém, apesar de que, às vezes, como todo mundo, perco a paciência e subo a voz uns níveis. Por isso agradeço a tolerância.