domingo, 10 de junho de 2007

Ainda falta

Ainda do Repórter 70:

Nem tudo está perdido: uma agente da Ctbel multou (pela primeira vez se tem notícia) o motorista do Corsa JUG-9692 que atirou a embalagem de um iogurte no canteiro da Duque.

Maravilha. Todos os dias vejo sugismundos descendentes de meretrizes atirando lixo nas ruas, inclusive de dentro de carros bem caros. Os fumantes são recordistas, claro, pois quando terminam de fumar atiram suas guimbas em qualquer parte deste imenso cinzeiro chamado Belém. Estou certo de que quando o degenerado dono desse Corsa receber a multa, ficará furioso e acusará a CTBel de ser uma fábrica de multas.
Nunca pensei que diria isso, mas louvo a atitude da CTBel, desejando que se torne cotidiana. Todavia, peço, imploro, clamo aos céus para que um outro problema seja enfrentado com ainda maior rigor: a condução de veículos sem placas ou com as mesmas total ou parcialmente encobertas.
Digo e repito: quem, deliberadamente, oculta as placas de seu veículo antes de sair, é um delinquente, um criminoso, um marginal de quinta categoria. Mesmo que o veículo em questão seja um possante carrão rebaixado e cheio de luzinhas e telas de cristal líquido, além da marca registrada dos idiotas: os gigantescos equipamentos de som.
Pode bradar o quanto quiser que é para se proteger dos abusos da CTBel. Não é. É para poder furar sinais, fazer manobras perigosas, estacionar em fila dupla ou em locais proibidos, fazer pega, parar e postos de gasolina com o som tonitruando; é, enfim, para colocar em risco a vida de todos nós, inclusive matando, com a impunidade assegurada.
Vale lembrar: Belém é recordista em assaltos perpetrados por motociclistas. As motos nunca têm placas visíveis. Não é coincidência. É coisa de bandido, mesmo.
Desgraçadamente, parece que eu sou a única pessoa nesta cidade que vê esses veículos fantasmas. Que me conste, a CTBel não vê nenhum.

9 comentários:

Aldrin Leal disse...

Está bem, você me convenceu:

eu vou comprar um cinzeiro para o carro (atualmente, eu possuo sacos de lixo funcionando como lixeiras).

(Nota mental: Se apenas eu soubesse aonde encontrar um. Não, não estou tirando o meu da reta)

Yúdice Andrade disse...

Se eu consegui motivar um único fumante, então já valeu a pena. E olha que o meu real objetivo com a postagem nem era esse, e sim o caso das placas ausentes ou ocultas.
Acho que os sacos plásticos dão conta do recado mas, se não, um cinzeiro seria uma ótima solução. Parabéns pelo espírito de cidadania.

Anônimo disse...

Fico pensando com os meus botões:"por que não multam os caminhões baus, da ATLAS, que estacionam, diariamente e noturnamente, em filas duplas e às vezes triplas, na Tv. Angustura, entre as Avs. 25 e Duque?"

Yúdice Andrade disse...

Caro anônimo, caminhões são um problema terrível na cidade. Doze anos atrás (1995), eu era estagiário da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e acompanhei uma diligência no Supermercado Formosa, que usava a rua como pátio de manobras dos caminhões, tornando um inferno a vida dos moradores do entorno. Foi assinado um termo de ajustamento de conduta que, longe de garantir sossego àquela vizinhança, permitiu ao menos um pouco de respeito. Veja que há alguns anos o Formosa construiu aquele acesso lateral com recuo, de modo que os caminhões devem descarregar mercadoria ali e não na rua. Se bem que muitos ficam estacionados na rua e eu mesmo já tive problemas para passar por ali.
Ou seja, é preciso que os moradores prejudicados se mobilizem e cobrem uma solução, porque as autoridades nada farão de iniciativa própria. Sei do que você fala, porque já passei por aquela rua em horário de manobras e é uma droga.
Em suma, mobilizem-se. Sem isso, o problema não será resolvido. Afinal, ações isoladas sempre podem ser contornadas por aquele famoso brinde, cervejinha ou congênere, que os empresários gostam de dar para não serem incomodados.

Aldrin Leal disse...

Eu estabeleceria horário. Horário comercial, estes não iriam trafegar. PRINCIPALMENTE NO REDUTO. Quer fazer enxame? Chama o sindicato pra apoiar. Porquê? Porque de noite, é Adicional Noturno.

Afinal, não reclamam que esta cidade é vazia? Façam mais gente trabalhar a noite. Nestas horas, meu sonho é o mesmo de Frank Sinatra:

"-I wanna wake up in a city that doesn't sleep!"

Aldrin Leal disse...

Me lembrou de Algo: Em Medellin, os motoqueiros foram obrigados a usar capacetes com identificação. Gerou polêmica, sem dúvida.

O problema do Motoqueiro é que o código de trânsito sugere que eles possam cometer arbitrariedades. Outro dia, veio um, entregar pizza: Perguntei porque ele entrou na rua pela contramão. E comentei que meu passatempo é atropelar motoqueiro que anda na contramão... Ele ficou errado, mas se cada motoboy ter aquele telefone "Como estou dirigindo?", acho que o problema se reduz. Nós, latinos, somos persuadidos pela intimidação. Passe vexame e aprenda.

(Não é a toa que outra coisa que fizeram em Medellin foi fazer o Guarda apitar e levantar um cartão vermelho pra quem ele julgasse fazer algo errado. Na suécia, é mais dramático. Aqui? Bem, os guardas daqui tem autonomia pra serem o bem e o mal. Depende da sua carteira)

Para Pensar Na Cama: Já reparou que os piores motoristas comerciais - os mais... "White Van Man", são justamente o que não tem a placa de "Como estou dirigindo?"

Frederico Guerreiro disse...

Fez pouco, muito pouco, em só multar. A multa ele paga e esquece depois. Deveria ter feito o sugismundo descer do carro e recolher seu lixo. Aposto que seria uma didática inesquecível, tanto para o motorista mal-educado quanto para os demais que estivessem assitindo a cena.

Aldrin Leal disse...

Fred,

A Numismática é Pedagógica. :)

Yúdice Andrade disse...

Eu conversava com minha esposa sobre um programa da Regina Casé - na verdade, um quadro dentro do "Fantástico" -, no qual ela constrangia pessoas que faziam coisas erradas, como ultrapassar pelo acostamento durante um engarrafamento. Era uma espécie de cidadania na marra. Muita gente criticou o quadro, considerado grosseiro, mas eu achava ótimo. Devíamos instituir projetos assim em todas as capitais.