domingo, 17 de junho de 2007

Madrugada

Meia noite e meia e as letras começam a dançar na pilha de provas por corrigir. A mão inerte, com a caneta vermelha perdida entre os dedos. A visão embaça, com os olhos reclamando da luz.
A noite está quente. Um pouquinho. E agitada. Os sons da rua denunciam.
A casa em silêncio. Todos dormem. Menos eu, que sou bicho. A propósito, até os bichos já foram dormir. Já se cansaram do dia e se recolheram. Nem precisei mandar: foram sozinhos. São dois cães, da raça golden retriever. Primeiro foi o macho, de dois anos e meio. Depois o filhote, uma fêmea de três meses que ainda nem aprendeu que possui um canto certo para passar a noite. Mesmo assim, ela foi embora por conta própria, como se me dissesse "chega, já encheu". Olhei-a com ironia.
Despeitado, pus as provas de lado e peguei o notebook, para registrar o meu inconformismo. Estou revoltado. Quem inventou o repouso semanal remunerado debochou dos professores.

7 comentários:

Anônimo disse...

Olá, meu querido professor!

Que bom poder matar as saudades deste que tanto ajudou em minha formação acadêmica! Ainda tenho projeto de transformar meu TCC "Lei Maria da Penha" em livro... qualquer dia destes ainda vou te perturbar, yuyu!!!
Um beijão!

PS: Quando você vai escrever um livro romance-policial-suspense? Hehehe.

morenocris disse...

rsrsrsrs....

Yúdice...vc está cada vez melhor!

Como um bom vinho!!!!!!

Beijos!

Yúdice Andrade disse...

Cris, infelizmente, eu não tom vinho. Mas espero que esse referencial de qualidade possa ser compartilhado por outros leitores.
Juliana, meu amor, que bom te encontrar aqui, neste cantinho íntimo! Podes me procurar quando quiseres, para livros ou o que for. Sobre a tua pergunta, talvez o primeiro passo seja compilar as minhas questões de prova. Beijo.

morenocris disse...

Gostei da pergunta da Juliana!

Que tal um blooks!

Beijos.

Anônimo disse...

Quero lançar um manifesto solidário a justa manifestação de sua indignação. Se bem que não entendi bem contra quem: o mundo que dorme enquanto vc se dana; contra as provas que teimam em não se auto-corrigir; contra o "descanso remunerado" que é uma grande zombaria. De qualquer forma sei que apesar dos pesares esta é uma atividade que te agrada (não corrigir provas, mas lecionar) e sei da tua satisfação ao perceber que contribuiste com algo na formação dos teus pupilos. Por isso te saúdo: Ave, Professor! Que teus esforços encontrem compensação nas mentes que abrilhantas com teu saber.

toniachalu disse...

Na verdade, querido Yudice, penso que:
Quem inventou os professores debochou da mediocridade e do sentimento de suficiência do conhecimento. Em outras palavras, é como se este ser fictício que criou a arte de ensinar, quisesse demonstrar que a sensação de suficiência do conhecimento não passa de um pensamento medíocre perto da necessidade humana de aprimoramento e constante transição.
Essa é a minha primeira visita ao teu blog. O Serginho foi quem me contou sobre ele. Estou realmente encantada.
Beijos

Yúdice Andrade disse...

Jesiel, quanta festa! Não estava preparado para uma manifestação assim tão calorosa... Aquele cheiro, mano.
Tônia, minha linda, o Direito Administrativo chegou ao blog! Eu é que fico encantado com a tua visita e com as palavras, não só cariciosas, mas verdadeiramente poéticas que escreves. Recebe um grande abraço e manda outro para o nosso querido Serginho.