sábado, 16 de junho de 2007

Descaso, menosprezo, indiferença

Às 13h57 (pelo meu relógio), portanto há menos de uma hora, a ambulância marca Fiat Fiorino, placas MWC 9259, indicada com os adesivos "Prefeitura de Belém Metrópole da Amazônia" e "SESMA", parou bem na minha frente, na confluência das avenidas Governador José Malcher e Assis de Vasconcelos. Dela desceram duas mulheres, uma delas carregando um bebê pequeno, a outra segurando no alto um frasco de soro. Caminharam sob o sol violento da cidade, dirigindo-se à Clínica Infantil Pio XII, localizada na Assis de Vasconcelos, onde presumivelmente buscavam atendimento médico para a criança.
Quando o sinal abriu, o motorista da ambulância seguiu seu rumo, coincidentemente igual ao meu, o que me permitiu ver que ele contornou a Praça da República, seguindo pela Serzedêlo Corrêa.
Não custava nada fazer o trajeto até a porta da clínica, dando um pouco de dignidade a três pessoas, sendo uma delas de tenra idade. Ignoro o que se passava e as motivações do motorista, mas pude ver seu semblante tranquilo. Dirigia calmamente, portanto não tinha pressa alguma. Por que razão fez as duas mulheres descerem? Mesmo que tenham caminhado uma distância pequena, como de fato foi, neste calor inaceitável, todo metro vira um tormento, ainda mais num caso de doença.
Eu e minha família ficamos indignados com o que nos pareceu o que o título diz: descaso, menosprezo, indiferença. Se alguém puder levar este queixume ao conhecimento de quem de direito, seria bom obter, ao menos, uma explicação. Se houver.

8 comentários:

morenocris disse...

Yúdice, boa tarde.

Entrei em contato com a Assessoria de Imprensa da Sesma. Dei o endereço do seu blog, bem como as informações do post. As providências já sendo tomadas.

Beijos.

Eduardo André Risuenho Lauande disse...

Camarada Yúdice,
Eu sou um sujeito que me aborreço com a Lei de Gerson que impera no trânsito. A falta de paciência é algo constante nos motoristas. Sou adepto da tese que em tudo o que fazemos, sempre saímos ganhando quando sabemos esperar. Já diziam nossos avós: “Quem corre cansa, quem espera alcança” e “a pressa é inimiga da perfeição”. Isto é uma grande verdade principalmente no trânsito. Ninguém que avança o sinal da paciência obtém algum lucro por isso quando tem outros apressadinhos na sua ilharga. Ao contrário, quando sabemos esperar, lucramos sempre mais e nos livramos de inúmeros prejuízos que sempre são causados por nossas atitudes impacientes e de outros motoristas. Mas no caso citado por você tem também outro fator: a insuficiência de humanismo do motorista. Por mais razões que ele tenha, não faz mesmo sentido o que ele fez e, principalmente, tratando de pessoas que precisam de maior zelo. Sartre dizia que “uma dose humanismo pode revolucionar uma vida”, acho que não é o caso desse motorista da SESMA. Infelizmente. Aquele abraço.

Yúdice Andrade disse...

Cris, você está rápida no gatilho. Confesso que não imaginei que a minha reclamação fosse, de fato, ter algum encaminhamento. Espero saber o que aconteceu.
Lauande, meu caro, acredito que um dos maiores problemas da humanidade é a indiferença com o semelhante. Se as pessoas ao menos se importassem...

Unknown disse...

nossa, isso é o reflexo da sistema público de saúde no Brasil (e por que não? Educação, transporte, justiça, etc. Afinal de contas, está tudo uma porcaria, infelizmente).
:/

Carlos Barretto  disse...

Sem a menor dúvida, Yúdice.
Um procedimento absolutamente irregular por parte do motorista.
Tenho certeza que esta não deve ser a orientação da SESMA, que avisada, deve sim tomar as providências cabíveis. Pode ser mesmo um caso pontual e por isso mesmo, passível de correção imediata. O sistema público de saúde, já tem inúmeros problemas que não podem ser agravados por condutas deste tipo.
Se o pequeno paciente estava em estado grave, certamente não deveria ser transportado por ambulâncias deste perfil, com apenas o motorista. Se estava suficientemente estável, nada justificaria que sua chegada ao hospital fosse abreviada desta maneira, nem que fosse solicitada pelos familiares do paciente. A missão do motorista é deixá-lo na porta do hospital.
Ambulâncias, definitivamente não são táxis gratuitos para a população. São veículos valiosos ao sistema, onerosos ao cidadão e nunca devem ter sua missão desvirtuada sob nenhuma circunstância.
Abs

Anônimo disse...

Caro irmão,
Costumo dizer que as pessoas não se reconhecendo como irmãos - e digo isso dentro de uma visão filosófica e religiosa - acabam por endurecer-se e tratar uns aos outros com descaso e desrespeito. Essa foi apenas uma amostra de algo que acontece todos os dias, a cada momento, em diversos setores e de muitas formas, algumas tão sutis que sequer são tratadas como ofensa, ou agressão, mas que podem alterar todo o curso de uma vida.
Respeito e ética pra mim, são mais do que palavras de um dicionário. São alicerces.
Que as providências tomadas nesse caso possam ser cumpridas com presteza e, sobretudo, com justiça.

Pensar Liberta disse...

Yúdice,

É falta de humanidade, de compaixão, de sensibilidade. Falta de amor. Falta de Deus.

E o mais triste é saber que coisas assim acontecem todos os dias, tanto no centro como na periferia - e principalmente nesta.

Só nos resta torcer para que o motorista seja, ao menos, repreendido por seus superiores.

Um abraço!

Yúdice Andrade disse...

Não, Carlos, acredito que tenha sido uma postura individual do motorista. Se bem que, mesmo nessa perspectiva, podemos atribuir ao sistema o costume de menosprezar o cidadão.
Barretto, eu esperava a tua visão médica. Obrigado por reforçar o que eu já imaginava.
Irmão querido, foste uma das testemunhas do caso e anotaste a placa da viatura. Assino embaixo.
Adelino, estou torcendo por essa repreensão. Não precisa ir além disso, mas a desgraça é não acontecer nada. Aí vira impunidade e impunidade é combustível.