sexta-feira, 15 de junho de 2007

Só pode ser piada

Há nove meses e meio, tenho me esforçado por controlar os meus excessos verbais e, em respeito a todos que eventualmente me leiam, ser mais objetivo e menos passional em meus comentários, evitando atingir suscetibilidades legítimas alheias. Peço licença, hoje, para deixar de lado a diplomacia e dizer, sem meias palavras, o que pretendo dizer. Então vamos lá:


A minha querida UFPA sempre foi campo pródigo para abrigar gente que se esconde atrás da condição de estudante para concretizar os seus projetos pessoais menores e medíocres. Essa história de ocupar o prédio da reitoria é, manifestamente, uma cópia do protesto ocorrido na USP e até agora sem solução.
Jamais escrevi sobre o caso da USP, por desconhecer maiores detalhes. Não queria ser leviano, escrevendo sobre o que não sei. Estou informado sobre o decreto do governo do Estado e como foi interpretado pelos estudantes. Mas tenho um sentimento pessoal de que a coisa tomou um rumo muito maior do que o planejado e, de repente, os manifestantes se viram no meio de uma megaconfusão de alcance nacional. E gostaram. Nem sabiam mais contra o que protestavam. Tudo bem, não importa mesmo. Só interessa fazer a confusão, mostrar a rebeldia e a força da juventude e lutar pelo... Pelo quê, mesmo? Ah, deixa pra lá, aumenta o som e joga mais um pneu aí nessa fogueira!
Autoconvencidos de que conseguiram alguma coisa, os manifestantes se encheram de razão e, claro, fizeram sucessores. Pobre (de espírito) adora copiar os outros. Nenhuma surpresa me causa que em alguma outra universidade ocorresse uma ocupação. E tinha que ser na UFPA! E o motivo, qual foi? Um motivo tipicamente uefepeático: a polícia apreendeu uma aparelhagem (irregular, frise-se), que faria (mais) uma farra para a turma que só quer saber de farra. Alegadamente, o motivo nobre era arrecadar recursos para que os alunos de Serviço Social possam ir a um congresso. Sei.
Ocorre que esses convescotes estão proibidos desde o ano passado, por representarem perigo à comunidade acadêmica. Todos sabem que essas festas atraem o melhor do pior, causa de episódios de depredação do patrimônio público, assaltos, agressões e até estupros. Curiosamente, quando isso acontece, os mesmos promotores dos eventos (DCE & cia.) reclamam da falta de segurança.
Aí ocuparam o prédio da reitoria, exigindo o quê? Maior autonomia na universidade! O mesmo discurso dos paulistas. Fala sério! Autonomia para quê? Para continuar fazendo da UFPA sinônimo de balbúrdia e safadeza, mas nunca de conhecimento, ciência e credibilidade?
À exceção de excessos na conduta dos policiais, que nada têm de novidade, é correta a atitude da reitoria em proibir festas e em mandar apreender qualquer equipamento destinado a realizá-las clandestinamente. Apoiada.
Quanto aos alunos, um conselho: pelo menos uma vez em suas vidas, vão se preocupar em estudar!


Agora que desabafei, retorno à programação e ao tom normal. Um bom dia a todos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Comentário perfeito! Eu assino embaixo.

Abração!

Anônimo disse...

Yúdice, vamos ser chamados de "burguesinhos", "filhinhos de papai", "ratos capitalistas" e que tais, mas eu assino em baixo de tudo o que disseste no post.
Apesar de ter ido a muitas festas do Vadião na minha época de universitário - e de ter me divertido pacas - não posso deixar de dizer que não há o menor sentido no protesto dos estudantes. Mera macaqueação do que aconteceu na USP, onde já havia ocorrido uma grande macacada.
Não se pode sequer falar em arroubos de juventude, ou em imaturidade dos estudantes. Boa parte dos líderes da bandalha são - todos sabemos - estudantes profissionais, não sendo mais tão jovens assim, há muito tendo ultrapassado o tempo para se formar. Justificam sua permanência na universidade a uma certa "função política a cumprir" - como o caso notório de um candidato a senador pelo PSTU em eleição passada. Este argumento, para mim, é reles desculpa para esconder o medo de sua própria incompetência.

Yúdice Andrade disse...

Agradeço o apoio, amigos. Acima de tudo, pela necessidade de preservar a nossa UFPA, que não pode continuar sendo reconhecida como espaço para maconha, forró e sexo, em vez de conhecimento.
Quanto a nos chamarem de burgueses, acho difícil pensar num burguês que só conseguiu se formar porque havia uma universidade pública, eis que jamais poderia estudar numa particular. Burguês que pegava dois ônibus para chegar no campus e ia pendurado no lado de fora? Burguês que estudava em livros velhos da biblioteca porque não podia comprá-los? Ou, dez anos depois, burguês que pagou a última prestação do carro há menos de um mês?
É, podem me chamar de burguês, reacionário, capitalista, etc. Tô nem aí.