Evolou-se o 20º Festival Internacional de Música do Pará, tradição da maior importância que, todos os anos, prova para quem quiser que Belém tem um público fiel para música erudita — apaixonado e não totalmente leigo. De quebra, o evento deste ano desmonta também a acusação, por parte de alguns setores mal intencionados, de que o governo Ana Júlia acabaria com o festival, seja por relacioná-lo à gestão tucana, seja — acreditem, tem gente que acha isso! — pela suposição de que os simpatizantes de esquerda só gostam de brega, pagode e afins.
Felizmente, o festival aconteceu. Como sou pessoalmente ligado a músicos, posso dizer-lhes que foi bom, de alto nível, como se esperava que fosse. Não assisti a nenhuma das apresentações por contingências pessoais, mas dei crédito às pessoas que consultei.
Creio ser importante destacar que a decisão de governo se limita à realização ou não do evento. A partir daí (e a menos que alguma situação específica leve a isso), os profissionais do setor assumem. Assim, a Fundação Carlos Gomes continuou à frente dos trabalhos, como sempre esteve, com o foco voltado não para veleidades políticas, e sim para a qualidade das apresentações. Por isso, o evento só poderia dar certo, já que os responsáveis queriam que desse certo e o público sempre faz a sua parte.
Agora é esperar a decisão política de manter o Festival de Ópera, este sim uma criação da era tucana. Prestigiei todas as óperas principais desde o primeiro ano e reconheço que a iniciativa foi essencial para nos permitir acesso à mais completa expressão artística já pensada pelo engenho humano. Sustento esse superlativo porque uma ópera reúne, num mesmo tempo e lugar, música, teatro, dança, figurino e diversas outras expressões artísticas.
A despeito dos méritos, não se pode minimizar o fato de que o festival perdia qualidade cênica ano a ano. Os músicos e cantores continuavam maravilhosos, no geral, mas os cenários pioravam a cada nova montagem. Provável conseqüência de ser sempre a mesma equipe. Por mais competente que seja, a estabilidade conduz a uma certa estagnação. É assim em tudo na vida, creio.
Pelo que ouvi dizer, estão programando O Guarani para o segundo semestre. Tomara. Um festival de ópera é algo de que não podemos prescindir.
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