sábado, 2 de junho de 2007

Nova segurança pública?

Entrando no sexto mês do ano, entramos no sexto mês do governo Ana Júlia e aumenta a minha inquietação sobre o que será feito no campo da segurança pública. Como cidadão, como professor de Direito Penal e como vítima das mazelas urbanas, tenho todo interesse na questão. Mas ainda não vi algo que pudesse comentar aqui, nem de bom, nem de mal.
Ora, direis, mas o atual governo não faz nada em setor nenhum! Pode ser. Eu diria, com Drummond, que isso até pode ser uma rima, porém não é uma solução.
Elogiei aqui no blog a escolha de Vera Tavares para a Secretaria de Segurança Pública, por conhecê-la pessoalmente e saber de sua honestidade e comprometimento. Passados esses últimos meses, contudo, não vi a querida secretária anunciar nenhuma medida concreta para o enfrentamento e, especialmente, a prevenção da criminalidade. Sua exposição pública mais notada, até aqui, lamentavelmente, foi no affair do curso para treinamento de pilotos de helicóptero, quando, segundo noticiado, ela teria sido induzida a erro pelo namorado da governadora e pivô do episódio, expondo-se a defender algo que não podia ser defendido.
Leitor de jornais, estou com a impressão de que os índices de crimes caíram um pouquinho de janeiro para cá. Não fosse assim, O Liberal já teria explorado amplamente o tema. Ou o Diário já teria anunciado com estardalhaço as providências de combate adotadas.
Talvez a bandidagem, receosa das medidas que todo novo governo implementa de cara, para mostrar serviço, tenha se retraído um pouco. Contudo, sabemos que isso é apenas um movimento de maré: passado um tempinho, ocorre uma adaptação à nova conjuntura e os delinquentes voltam, com todo o gás, para recuperar o tempo perdido. E se não houver uma nova conjuntura?
Até aqui, só tenho a elogiar que os comandos das polícias civil e militar tenham sido dados a bons representantes das respectivas classes, pessoas com boa imagem pública e bem quistos entre seus pares, o que já predispõe os comandados a um relacionamento mais próximo e probo. Mesmo assim, falta ação.
O argumento de botar ordem na casa já esgotou. Inaceitável, a esta altura.
Gostaria sinceramente de estar errado quanto a essa inércia. Se eu estiver, por favor, alguém me diga. Terei prazer em ajudar a divulgar as boas ações do governo. Mas, para tanto, elas precisam existir.

2 comentários:

Anônimo disse...

É triste quando nos certificamos que nossa espectativa está indo pelo ralo. Tanto foi discutido nos programas políticos sobre a "sensação de insegurança" que estavamos sentindo em Belém, e nada foi feito para mudar isto. Mais uma vez, talvez as pessoas que votaram na atual governadora fiquem achando que todos que se estabelecem no poder são iguais, só faz mudar o endereço. Já foi a residência da Magalhães Barata, Icuí e agora Cristalville, mas tudo continua na mesma.
Concordo que não dá mais para ficar colocando ordem na casa por muito tempo.

Yúdice Andrade disse...

Indignação justa e elegantemente apresentada, Ana Paula. Só posso lamentar junto com você.